sexta-feira, 21 de setembro de 2007

VERGONHA

Essa é a melhor palavra para expressar o que ocorreu na sala do 3º ano de História na noite de ontem. Se alguns alunos se encontram insatisfeitos com o andamento do curso, nada mais justo do que cobrarem uma rápida melhora. Mas não do jeito que fizeram. Ao desrespeitarem nossa coordenadora, que tanto têm lutado pelo nosso curso ao longo dos anos, perderam totalmente a razão. Eu me encontrava na sala do 3º ano durante o intervalo tendo uma agrádavel conversa com o Tiago, André, Gledson e a Professora Zezé quando começou a gritaria do lado de fora, logo quase todos os alunos entraram na sala, de forma abrupta e sem ao menos pedir licença - já que a professora estava a ponto de começar a aula pra turma do 3º. A selvageria não parou por aí.
Durante um bom tempo, esses elementos se alternaram para proferirem protestos os mais ridículos e sem fundamentos. O nome de nossa dedicassíma mestra foi citado como o culpado pelos mais diversos problemas - esses sim - da instituição; desde a falta de professores, passando pela parte de informática até a ausência de ambulância na porta da faculdade. É simples, na análise dessas pessoas, que desgraçadamente fazem o mesmo curso que nós, a culpada de todos os males do mundo é - pasmem - justamente a mulher que não tem medido esforços para elevar ainda mais o bom nome de nosso curso. Na sanha de conseguirem um "bode expiatório" para seus problemas não pouparam a ninguém, o problema estava em todas as partes, menos neles mesmos. Alunos indolentes e preguiçosos, da noite para o dia, se transformaram nos mais retos e sérios estudantes para justificar sua agressão à professora Zezé.
Do alto de sua sabedoria e vastíssima experiencia, Zezé contemplava a toda essa injustiça com uma paciência olímpica. Infelizmente não partilhamos ainda de tal serenidade, e após escutarmos calados as maiores ignomínias, pedimos a palavra e nosso porta-voz, mais uma vez foi o Tiago, depois de um certo tempo - preciso para acalmar os animos daqueles que, como animais fora da jaula, proferiam berros e palavras de baixo calão - ele iniciou sua argumentação ao colocar que nos sentíamos envergonhados por termos como colegas de curso seres com tanta propensão à ingratidão e à injustiça. Até esse ponto acreditávamos que apesar das diferenças, poderíamos manter um diálogo respeitoso, mas logo percebemos que quando o ódio e a mentira falam mais alto que a razão só resta a selvageria. Um dos alunos do 2º ano, que folgo em não saber o nome, se levantou no meio da gritaria que, mal-educamente como é característico dessas pessoas, interrompeu a fala do Tiago e num gesto que pareceria ser de qualquer coisa, menos de um historiador minimamente sério deu um uma patada na mesa da Zezé e com o dedo em riste apontando para a face de quem estava com a palavra naquele momento, manteve uma postura ameaçadora, deixando claro que caso não concordássemos com todos aqueles absurdos seriamos agredidos fisicamente. Como bom latino-americano que sou não pude suportar mais tamanha afronta, me levantei e baixei aquele dedo ameaçador, dizendo-lhe que não deveria se portar daquela maneira, pois como ouvimos também tinhamos o direito de falar. Mas foi tudo em vão, em seguida armou-se uma confusão. Até a nossa querida autoridade cultural teve seu momento para nos brindar com mais umas de suas asneiras (aguardamos para breve o seu livro de bolso: A História do Mundo em 27 páginas, que também será lançado em gibi). Apesar de todas as agressões, no fim das contas, o Tiago estava certo: é uma vergonha ter tais pessoas no curso.

Diego Henrique Ferreira

SAUDAÇÕES SOCIALISTAS

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