domingo, 21 de outubro de 2007

Oro de Tolo

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou dito cidadão respeitável
e ganho quatro mil cruzeiros por mês
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida de artista
Eu devia estar feliz por que
Consegui comprar um corcel 73
Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na cidade maravilhosa
Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
e um tanto quanto perigosa
Eu devia estar feliz
Porque consegui tudo que eu quis
Eu confesso estou abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
e agora eu me pergunto: e daí?
Eu tenho uma porção de coisas
Grandes para conquistar
Eu não posso ficar ai parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Para ir com a família no jardim zoológico
Dar pipocas aos macacos
Ah, mas que sujeito chato sou eu.
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã.
Eu acho tudo isso um saco
e você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado.
e que só usa 10% da sua cabeça animal
e você ainda acredita que é um doutor,
Padre ou policial
e que esta contribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes,
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas
Que separamos quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes,
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas
Que separamos quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador

Um comentário:

Anônimo disse...

Ae Polastrino essa música é a cara do Brasil "terra de nínguem".
Um abraço Thiago.