terça-feira, 1 de maio de 2007

A prostituição e o local dos não-corrigidos na cidade

Até o século XVIII a mulher é vista como portadora do pecado, do mal. Esse pensamento se da através do corpo da mulher onde a mulher tinha como principal fim a procriação da espécie, sendo o portador da vida o homem e a mulher sendo apenas uma espécie de chocadeira [1].

A mulher era considerada uma bruxa, portadora da podridão e do veneno, principalmente no período menstrual onde era isolada da sociedade, dado ao fato de acreditarem que o sangue menstrual era venenoso e até o olhar dessa mulher era mortal[2] .

Porém no século XX, a imagem da mulher não se modifica totalmente, principalmente da mulher meretrícia, onde segundo o antropólogo italiano Cesore Lombroso (1835-1909), ao lado de Guglielmo Fenero(1871-1942), definem o perfil da “prostituta-nata”: “mulher de quadris largos, teta curta, mandíbula maior do que a da ´mulher honesta`, tagarela, mas destituída de inteligência. A prostituta se destacava ainda pelo excesso de amor pelos animais e nenhuma afeição pelos humanos, pela atração pelo roubo simples, pelo gosto de bebidas alcoólicas, entre outros atributos negativos...”[3].

Com a imigração a cultura francesa era destaque, até as meretrícias francesas eram as mais procuradas, e as prostitutas brasileiras e de outras nacionalidades procuravam se “afrancesar”, os bordeis transcendiam a sexualidade e era local para os ricos fazendeiros, comerciantes e seus filhos iam discutir política, artes, acordos, negociações e ter contato com os costumes de uma classe urbana superior, o que não havia conhecido dessas praticas no mundo rural[4].

Com as políticas higienistas a prostituição passa a ser em zonas afastadas do grande centro, conhecidas como zonas de meretrício.

No inicio do século a prostituição é marginalizada pela sociedade, o restante dos não-corrigidos, sendo esses uma grande parte do povo, porem por não fazerem parte de uma cidade bela, são colocados na margem da cidade.

Porem esse separatismo social, implantado nas cidades não se resume ao inicio d século apenas, podemos perceber nos nossos dias atuais, em um pais que para receber o presidente dos Estados Unidos desloca a favela que era visível pela janela hotel, para o George Bush ter apenas a vista das belezas de nosso pais.

Devemos sim preocuparmos com nossa cidade, mas sim com condição de vida da população, saúde, educação e não com a beleza de uma cidade em si, não importando o resultado que essa ação implica no povo, na massa trabalhadora, e com todos sujeitos da cidade, sendo esses marginalizados ou não pela sociedade, ela deve assumir que todos os sujeitos da cidade são frutos da sociedade e seu modo de vida



[1] PRIORE, Mary Del. Viagem pelo imaginário do interior feminino. In “Revista Brasileira de História”. São Paulo, ANHUP, vol. 19, nº 37, 1999. p 179-194.

[2] Idem.

[3] RAGO, Margareth. Os prazeres da noite In “Nossa História”. Ano 3, nº 27. 2006. p 59-61.

[4] Idem.



Gledson-São Nunca

Um comentário:

fernando fenero disse...

Guglielmo Fenero talvez seja um antepassado apesar de nenhum livro ou registro da familia tenha essa informação. Mas se formalizado, agradeço desde já a oportunidade de conhecer.